segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa



O significado das lágrimas de Nossa Senhora segundo João Paulo II
O Santo Padre João Paulo II, ao consagrar em 1994 o Santuário de Nossa Senhora das Lágrimas em Siracusa, Itália, proferiu este ensinamento catequético sobre o sentido dessa invocação mariana: «Os relatos evangélicos não recordam o pranto da Virgem. Não escutamos seu choro nem na noite de Belém, quando chegou a hora de dar à luz ao Filho de Deus, nem no Gólgota, quando estava ao pé da cruz. Nem sequer sabemos de suas lágrimas de alegria, quando Cristo ressuscitou.


Embora a Sagrada Escritura não faça alusão a esse fato, a instituição da fé fala em favor dele. Maria, que chora de tristeza ou de alegria, é a expressão da Igreja que se alegra na noite de Natal, sofre na Sexta-feira Santa ao pé da cruz e se alegra novamente na aurora da Ressurreição. Trata-se da Esposa do Cordeiro,... do livro do Apocalipse (cf. 21, 9).


Conhecemos algumas lágrimas de Maria pelas aparições com as quais Ela de vez em quando acompanha a Igreja em sua peregrinação pelos caminhos do mundo. Maria chora em La Salette, em meados do século passado, antes das aparições de Lourdes, em um período no qual o cristianismo na França enfrentava crescente hostilidade.


Chora também aqui, em Siracusa, ao final da segunda guerra mundial. Pode-se compreender tal pranto precisamente no marco desses fatos trágicos: a imensa hecatombe causada pelo conflito, o extermínio dos filhos e filhas de Israel; e a ameaça para a Europa, vinda do leste, constituída pelo comunismo declaradamente ateu.


Também nesse período chora a imagem da Virgem de Czestochowa, em Lublín: este é um fato pouco conhecido fora da Polônia.


As lágrimas da Virgem pertencem à ordem dos sinais; testemunham a presença da Mãe Igreja no mundo. Uma mãe chora quando vê seus filhos ameaçados por algum mal, espiritual ou físico. (...)


Hoje, aqui em Siracusa, posso dedicar o Santuário da Virgem das Lágrimas. (...) Santuário da Virgem das Lágrimas, nasceste para recordar à Igreja o pranto da Mãe. (...)
Vinde aqui, entre estas paredes acolhedoras, os que estais oprimidos pela consciência do pecado e experimentai aqui a riqueza da misericórdia de Deus e de seu perdão. Guiem-vos até aqui as lágrimas da Mãe. São lágrimas de dor pelos que recusam o amor de Deus (...).
São lágrimas de oração: oração da Mãe que dá força a toda oração e se eleva suplicante também pelos que não rezam (...).
São lágrimas de esperança, que abrandam a dureza dos corações e os abrem ao encontro com Cristo redentor (...).


Virgem das Lágrimas, olhai com bondade materna a dor do mundo. Enxugai as lágrimas dos que sofrem, dos abandonados, dos desesperados, e das vítimas de toda violência.


Alcançai-nos a todos, lágrimas de arrependimento e vida nova, que abram os corações ao dom regenerador do amor de Deus. Alcançai-nos a todos lágrimas de alegria, depois de ter visto a profunda ternura de vosso coração.»


A história das lágrimas de Nossa Senhora em Siracusa
Estamos no dia 23 de março do ano de 1953. Em Siracusa, encantadora cidade portuária ao sul da Sicília, num bairro conhecido pelas suas nefastas preferências pelo Partido Comunista, dois jovens esposos - Angelo Iannuso e Antonina Giusto - estabelecem sua moradia na rua chamada degli Orti. A princípio, tudo parece correr feliz em sua vida conjugal. Mas a lua-de-mel passou depressa e algo de muito grave vem abalar a quietude daquele novo lar. Com efeito, a senhora Antonina passa a manifestar distúrbios de natureza neurológica, os quais, aliás, iriam complicar também sua gravidez, no seu sexto mês, bem como a vida do nascituro.


Os sintomas apresentados pela paciente eram crises convulsivas, perda da palavra, da capacidade visual e também da consciência. Um quadro patológico peculiar, que iria levantar muitas suspeitas e tornar ainda mais surpreendente e maravilhoso o que viria a ocorrer naquele 29 de agosto de 1953… De fato, nesse dia, após o marido ter saído para trabalhar no campo, a senhora Antonina deitara-se ao final de mais uma de suas crises. Eram 8h30 da manhã. De repente, os seus olhos foram atingidos por uma luz fulgurante e voltaram-se para o quadro de gesso de Nossa Senhora, representando o Coração Imaculado de Maria, que lhe haviam dado como presente de casamento e que estava pendurado na parede, à cabeceira da cama. Dos olhos da imagem estavam brotando duas grossas lágrimas, que foram seguidas de duas outras e de muitas outras mais.


Lágrimas analisadas, comprovadas, ...
De início, a jovem gestante imaginou estar tendo alguma alucinação, decorrente de seu estado de enfermidade. Porém, ao constatar que as lágrimas escorriam com intensidade e freqüência cada vez maiores, não tendo forças para levantar-se, chamou aos gritos os seus familiares: “Venham…Venham ver o quadro de Nossa Senhora que chora!”. Então, os parentes acudiram, puderam ver a imagem em prantos e, diante daquele pungente fenômeno, puseram-se também eles a chorar…


Com a velocidade do relâmpago, a notícia correu por toda a rua degli Orti e alastrou-se através de todo o bairro de fama tristemente esquerdista, fazendo confluir uma multidão de curiosos e de fiéis que se apinhavam para constatar, com os próprios olhos, aquele extraordinário acontecimento. Mas não ficou apenas nisso: para a felicidade e comoção de todos, estando a lacrimação num fluxo ininterrupto, eles puderam embeber seus lenços e flocos de algodão para conservar as primeira relíquias daquela pungente cena.


Devido ao enorme afluxo de gente, o quadro do Imaculado Coração de Maria foi instalado na sacada da janela que dava para a rua. Ali, enquanto as faces da imagem continuavam sendo regadas por aquele precioso líquido, havia um ambiente sereno mas filial: ninguém gritava freneticamente anunciando o milagre, ninguém se agitava, ninguém se desencadeava em tempestades emotivas…


Analisando esse equilibrado comportamento social, o Professor Giuseppe Marino, neuro-psiquiatra de fama internacional e especialista em patologias nervosas, especialmente nas que se referem ao campo místico-religioso, declarou: “As ‘alucinações’ eram vistas concretizar-se numa realidade palpável, representada pela fluente cascata de pérolas que, como ficou demonstrado depois nos diversos laboratórios de análises clínicas, eram lágrimas nas quais notou-se a presença de água distilada, cloreto de sódio e partículas infinitesimais de substância protéica” – elementos que constituem uma lágrima humana.


... que repercutem em todo o mundo...
O prodigioso pranto prolongou-se, com intervalos irregulares, durante quatro dias. E, assim, puderam-se contar aos milhares as testemunhas provenientes de todas as categorias sociais e de várias nacionalidades, porque a imprensa local alardeara logo o ocorrido, atraindo imediatamente a atenção da imprensa italiana e, como um rastilho de pólvora, à estrangeira. Ao mesmo tempo, cine-amadores de todo o mundo filmaram impressionantes seqüências da lacrimação, as quais hoje estão reunidas numa colossal coletânea realizada pelo Pe. Sbriglio, do PIME, aos cuidados técnicos da SONY.


Entrementes, o Arcebispo local, Mons. Ettore Baranzini, julgou melhor proibir momentaneamente os seus sacerdotes, religiosos e freiras de se aproximarem do local do prodígio. Ademais, pediu orientações para dois peritos na matéria - o Cardeal Shuster e o Pe. Gemelli - além de incumbir pessoas de sua inteira confiança de reunirem todos os elementos (inclusive algumas testemunhas sob juramento) para a redação de um relatório fidedigno a ser enviado para o competente Tribunal Eclesiástico. Também devia fazer parte desse dossiê o parecer de uma conspícua comissão médica constituída de 14 membros, incluindo-se até o Dr. Michele Cassola, conhecido por seu agnosticismo religioso. O veredito da mesma havia sido de que se tratava, efetivamente, de “lágrimas humanas”.


... e operaram maravilhas
Naqueles dias, Don Giuseppe Tomaselli, um sacerdote salesiano de Catânia, cidade próxima de Siracusa, depois de ter dado pouca importância ao fato noticiado pelos jornais, mudou de idéia e resolveu ir pessoalmente ao local onde ocorriam aqueles portentos. A imagem miraculosa já havia sido instalada na praça vizinha à rua degli Orti, para poder abarcar a multidão de peregrinos que vinham pedir - e quantos obtinham! - as curas da alma e do corpo.


O sacerdote acompanhou e presenciou tais e tantas graças ali concedidas, que resolveu escrever sobre esses fatos um livro bem detalhado ao qual deu o título História de Nossa Senhora das Lágrimas, que passou a ser uma das melhores obras de consulta sobre esse prodígio mariano.

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